Muitas vezes ignorados, os obstáculos sociais e pessoais que os indivíduos com excesso de peso ou obesidade enfrentam são inúmeros. Preconceito, estigma e discriminação devido ao peso são experiências frequentes para muitos indivíduos com obesidade, o que gera sérias repercussões para seu bem-estar pessoal e social.

Como 62% da população brasileira está acima do peso, o número de pessoas potencialmente enfrentando discriminação e estigmatização é gigantesco.

O estigma do peso está presente no cotidiano das pessoas afetadas, incluindo mídia, trabalho, escola e ambientes de atendimento de saúde. Infelizmente, esta forma de preconceito continua sendo aceitável e raramente é questionado, perpetuando-se essa grave forma de discriminação.

Não encaramos a obesidade como uma doença séria, crônica, progressiva, multifatorial e recidivante e cheia de complicações para a saúde física e mental de quem é portador. Esse postura negativa contribui em grande escala para perpetuar esse grave problema.

Os alunos afetados pela obesidade enfrentam vários obstáculos, que vão desde o assédio, o buylling e a rejeição dos colegas na escola, até atitudes tendenciosas dos professores e gestores.

Funcionários afetados pela obesidade são vistos como menos competentes, preguiçosos e sem autodisciplina por seus colegas de trabalho e empregadores. Essas atitudes podem ter um impacto negativo nas preferências por contratação, salários, promoções e decisões sobre a situação de emprego para os funcionários afetados.

Atitudes negativas em relação aos indivíduos com excesso de peso têm sido relatadas por médicos, enfermeiras, nutricionistas, psicólogos e estudantes de medicina.

O preconceito pode ter um impacto negativo na qualidade dos cuidados de saúde para indivíduos afetados pela obesidade. Alguns estudos indicaram que esses indivíduos relutam em procurar atendimento médico e têm maior probabilidade de atrasar serviços de saúde preventivos importantes e cancelar consultas médicas. Roupas de exames pequenas, mesas de exame estreitas e equipamentos médicos de tamanho inadequado são barreiras para receber cuidados de saúde. Além disso, o constrangimento por ser pesado pode ser uma barreira ao cuidado.

Os estigmas e preconceitos em relação aos portadores de obesidade podem tem sérias consequências, incluindo: atraso no diagnóstico e tratamento de complicações da obesidade, depressão, ansiedade, baixa autoestima, alterações da imagem corporal, rejeição social, dificuldade nas relações interpessoais, distúrbios alimentares, comportamentos compulsivos e baixa adesão à atividade física.

Uma grande transformação das atitudes sociais e a promulgação de leis que proíbam a discriminação com base no peso são necessárias para eliminar o problema do estigma em relação aos indivíduos afetados pela obesidade.

As pessoas com excesso de peso necessitam:

  1. Abordar esse problema, tornando o portador, os familiares, os profissionais de saúde e seus gestores, além da mídia, os defensores da causa.
  2. Em vez de se sentir inferior, praticar estratégias positivas enfatizem a auto-aceitação e a auto-estima.
  3. Ser porta-voz sobre as necessidades individuais relacionadas à obesidade.
  4. Comunicar ao autor do preconceito que seus comentários foram inadequados e ofensivos e que ninguém merece comentários tão rudes, independentemente de seu peso.
  5. Conversar com um profissional habilitado para ajudar a identificar maneiras eficazes de lidar com o estigma e substituir pensamentos autodestrutivos ou autocensura por maneiras mais saudáveis ​​de lidar com a situação.
  6. Lutar por maior acesso ao tratamento adequado e a longo prazo da obesidade.

A pessoa em primeiro lugar

A obesidade é mais complexa do que apenas comer demais e falta de exercícios, sendo uma condição médica – uma doença. Não é algo que o indivíduo É: é algo que ele TEM. Portanto, o indivíduo que tem obesidade não deve ser adjetivado e deve ser referido como indivíduo com obesidade e não como obeso. A pessoa deve vir em primeiro lugar, e não a sua doença.

E mais um preconceito: o com o tratamento da obesidade

Hoje existe medicação segura e eficaz para tratar a obesidade, aliada ao exercício físico e à alimentação adequada

Uma minoria das pessoas com excesso de peso e indicação médica de usar medicamento para tratar a obesidade recebem essa prescrição. Converse com seu médico sobre o tratamento medicamentoso da obesidade.

 

O estigma e o preconceito do peso prejudicam a saúde, prejudica os direitos humanos e sociais e é inaceitável na nossa sociedade.

O uso de linguagem, imagens, atitudes, políticas estigmatizantes e discriminação com base no peso, onde quer que ocorram devem ser condenados.

Devemos:

  1. Tratar pessoas com sobrepeso e obesidade com dignidade e respeito.
  2. Não usar linguagem, imagens e narrativas estereotipadas que retratam de forma injusta e imprecisa indivíduos com sobrepeso e obesidade como preguiçosos, glutões e sem força de vontade ou autodisciplina.
  3. Estimular e apoiar iniciativas educacionais voltadas para a erradicação do preconceito de peso, por meio da disseminação do conhecimento atual sobre obesidade e regulação do peso corporal.
  4. Estimular e apoiar iniciativas que visem prevenir a discriminação de peso na média e nos ambientes de educação, trabalho e saúde.

Como um todo, o entendimento da obesidade como uma doença, o combate ao estigma e ao preconceito e o acesso ao tratamento adequado são urgentes para melhorar todo esse cenário.